“Não deixe o velho entrar” foi a resposta que o nonagenário ator Clint Eastwood deu ao cantor country Toby Keith, quando ele perguntou qual era seu segredo para permanecer ativo e brilhante em sua idade.

Honestamente, não me sinto nem tão ativo nem tão brilhante quanto gostaria. Sinto que minha cabeça e meu corpo têm andado em um certo descompasso. Quem olha de fora, no entanto, costuma se admirar com a energia que invisto em tudo o que faço e se surpreende em saber que já beiro os 60.

Eu me surpreendo mesmo quando vejo pessoas ativas aos 80, 90.

O que será que elas fazem?

Do que se alimentam?

Onde vivem?

Também consigo, no entanto, perceber certas atitudes que venho praticando e dificultam que esse velho entre, se aloje de vez num corpo que já há muito dá sinais de cansaço e consuma os anos que ainda me restam.

A primeira e talvez mais importante das atitudes é que sempre estou criando algo novo.

Um texto, um projeto, uma amizade.

Um amigo até me apelidou de “Tocha”, mas não a tocha que ilumina, aponta o caminho, a tocha que coloca fogo no parquinho, está sempre provocando a morte de algo e convidando algo novo a nascer.

Morte e renascimento.

Criar me lembra de meu poder divino de transformar ideias em ação, imaginação em matéria.

A segunda atitude é não parar no tempo, afundando no saudosismo ou na ilusão de que você já sabe o que deveria saber.

“Na minha época, as coisas eram melhores.”

Não existe “minha época”.

Minha época é agora.

E agora as coisas não são nem melhores, nem piores.

Elas são o que são.

Se, por exemplo, certas coisas que eram permitidas, até estimuladas no passado, agora não são mais toleradas, eu, que vivo no hoje, também não irei mais tolerá-las.

A terceira é se apaixonar.

Por uma pessoa, por uma ideia, por um trabalho, por uma obra artística que me faça ver algo como uma criança, pela primeira vez.

Não há nada que funcione melhor como elixir da juventude do que apaixonar-se.

O velho nem bate à porta da pessoa que colore sua moradia com os múltiplos e fugazes tons da paixão.

A quarta atitude é que eu não me demoro demais em nada com potencial de me prender, seja uma tristeza ou uma alegria. Não sou budista, mas quer uma ideia mais linda do que a impermanência? Aceitar que tudo é transitório, inconstante e que tende a acabar é libertador. Você não cai na armadilha de ficar preso nos dois lugares onde não existe vida: o passado e o futuro. 

Viver, só mesmo agora, neste instante em que escrevo esse texto e que, em algum outro instante, como que por milagre, você irá lê-lo e, quem sabe, compor sua própria lista, nem que seja só mentalmente, para não deixar o velho entrar.

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