“Quando se é mãe, nunca se está só nos pensamentos. Uma mãe sempre pensa em dobro, uma vez por ela e outra pelo filho.” (Sophia Loren)
Neste Dia das Mães, compartilho com vocês um pouco da minha jornada: três décadas de uma trajetória que entrelaça, de forma desafiadora e gratificante, a maternidade dedicada, a superação resiliente e a busca incansável por um propósito significativo.
Sou mãe de quatro filhos, hoje com idades entre 16 e 33 anos, todos planejados e desejados. Desde jovem, sonhei em construir uma família grande e amorosa, um projeto que exigiu escolhas difíceis, mas sempre conscientes.
Minha vida acadêmica começou com o curso de Pedagogia, que tranquei ao engravidar do meu primeiro filho. Em um momento de profunda transformação pessoal, já esperando meu segundo filho, decidi assumir um desafio ainda maior: Prestei o vestibular para Direito. Para minha satisfação, não apenas fui aprovada como ingressei em uma jornada acadêmica marcada por superações.
Concluí a graduação em Direito no período regular de cinco anos, mesmo tendo transferido o curso por três instituições de ensino distintas, um feito que exigiu muito foco e disciplina, especialmente conciliando estudos com a rotina de mãe de duas crianças.
A dedicação rendeu frutos imediatos, logo após a colação de grau, fui aprovada com uma excelente nota no Exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), marcando o início de uma carreira promissora.
Mas a vida reservava outros planos; me mudei para a Itália, onde fiz dois cursos de aperfeiçoamento na renomada Sapienza Università di Roma: Direito Romano e Responsabilidade Civil. Tudo isso enquanto equilibrava a maternidade, o casamento e os desafios de adaptação em um novo país.
De volta ao Brasil, iniciei a minha jornada como professora universitária e de cursos preparatórios para o Exame da OAB.
Após vivenciar um divórcio, e agora em um novo casamento, engravidei do meu terceiro filho, e com o seu nascimento veio um diagnóstico que transformou minha vida: autismo. Decidi, então, pausar minha carreira para me dedicar integralmente a ele. Não foi uma decisão fácil, mas foi a minha decisão e nunca a vi como um sacrifício, mas uma escolha consciente, um ato de amor que moldou minha visão de mundo.
Anos depois, veio a minha caçula, a filha que coloriu nossa casa de rosa após três meninos.
Foi nesse momento que entendi que era hora de reinventar minha jornada profissional. Então, resgatei uma paixão adormecida: a escrita.
Tempos depois, em plena pandemia, já na maturidade iniciei uma transição de carreira suave, mas significativa: concluí uma pós-graduação em Ciência Política e mergulhei no universo da escrita e do debate político.
Encontrei no LinkedIn um espaço para o meu recomeço profissional, criei o projeto e lancei a newsletter “Falando de Política”, onde descomplico temas complexos com uma abordagem democrática e acessível.
Também escrevo artigos para jornais, sites e redes sociais, descobrindo uma nova vocação como colunista, prova de que recomeços são sempre possíveis.
Minha trajetória profissional não seguiu um caminho linear, mas foi forjada dentro das minhas escolhas pessoais, onde sempre priorizei a família!
Foi a decisão certa? Não há uma resposta universal. Para cada mulher, com sua história única, o caminho será sempre singular, definido por suas lutas, sonhos e contextos.
Ser mãe de filhos com idades tão distintas e de um filho com uma deficiência me ensinou a ter “jogo de cintura”, um forte senso de organização, resiliência e muita paciência que só o amor explica!
Hoje, ao observar meus filhos, vejo mais do que adultos responsáveis ou jovens em formação: enxergo seres humanos amorosos, éticos e capazes de transformar fragilidades em força. Cada olhar sincero, cada gesto de cuidado mútuo entre eles, é um lembrete de que nenhuma conquista profissional se compara a essa realização.
A maternidade é, de fato, uma aventura repleta de contradições: exaustiva e revitalizante, dolorosa e sublime. Cada filho me trouxe lições únicas, e cada pausa na carreira me revelou novas formas de crescer como pessoa.
Hoje, olho para trás com orgulho, não apenas pelas conquistas profissionais, mas pela família que construí. Se há algo que aprendi, é que a vida não é feita de planos rígidos, mas de escolhas corajosas. E eu escolhi, todas as vezes, viver cada capítulo com entrega e gratidão.
Desejo um Feliz Dia das Mães a todas que, como eu, entendem que a maior conquista não está no diploma ou cargo, mas no legado de amor que cultivamos todos os dias.
Que hoje e sempre essa missão seja celebrada não só com palavras, mas com a certeza de que o amor materno é a força que move o mundo!