“Primeiro, é preciso ressaltar que a violência doméstica é um fenômeno que atinge todas as mulheres, independentemente de classe social, idade, raça, etnia, renda, religião, nível cultural e escolaridade.”

( Maria da Penha )

Como mulher e mãe de uma menina, vejo com angústia a escalada da violência contra as mulheres que assola o Brasil. Diariamente, esse fenômeno não só alimenta meu temor por nossa segurança, mas também me causa uma indignação profunda!

É assustador testemunhar esse cenário que ameaça não apenas nossas vidas, mas também o futuro das próximas gerações.

A realidade das mulheres brasileiras se transformou em um retrato sombrio de violência sistêmica. Longe de serem episódios isolados, os crimes brutais, frequentemente cometidos por parceiros ou ex-parceiros revelam uma crise estrutural alimentada pelo machismo, misoginia enraizada e pela naturalização da agressão contra mulheres. 

Violência contra mulheres no Brasil atinge patamar histórico, aponta pesquisa divulgada em março de 2025

Conforme matéria no G1 “Mais de 21 milhões de brasileiras, 37,5% do total de mulheres, sofreram algum tipo de agressão nos últimos 12 meses, de acordo com pesquisa do Datafolha encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

É o maior percentual da série histórica da pesquisa “Visível e Invisível: a Vitimização de Mulheres no Brasil”, iniciada em 2017, e 8,6 pontos percentuais acima do resultado da última pesquisa, de 2023.

A pesquisa também mostra que 5,3 milhões de mulheres, 10,7% do total da população feminina do país, relataram ter sofrido abuso sexual e/ou foram forçadas a manter relação sexual contra a própria vontade nos últimos 12 meses, ou seja, uma em cada 10.

No Brasil, o percentual de mulheres que sofreram alguma violência ao longo da vida por parceiro ou ex-parceiro é superior à média global: 32,4% contra 27%, de acordo com relatório recente da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Para Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança, os números reforçam a sensação de que o Brasil é cada vez um país menos seguro para as mulheres. O Brasil é um dos países mais violentos do mundo e isso se reflete no dia a dia das mulheres. A pesquisa mais uma vez nos mostra que as mulheres estão desprotegidas dentro de suas próprias casas, convivendo com os agressores que, na maioria das vezes, compõem seu círculo íntimo, sejam parceiros, ex-parceiros, parentes ou conhecidos.

Dados como esses evidenciam não apenas a gravidade do problema, mas também a necessidade de romper com a normalização da violência contra mulheres na sociedade brasileira.

Histórias por trás das estatísticas: A banalização do feminicídio 

A violência transcende números. Na última Sexta-Feira Santa, seis mulheres foram assassinadas no Rio Grande do Sul, todas vítimas de feminicídio.

Em São Paulo, uma estudante da USP foi perseguida e morta com requintes de crueldade.

Casos como esses ilustram a “via crucis” diária das mulheres em um país onde a cultura machista e a impunidade alimentam uma guerra não declarada. 

Raízes de uma cultura tóxica: Patriarcado e falência institucional

O problema é estrutural. O Brasil mantém uma ordem social patriarcal que naturaliza a

dominação masculina, ensinando meninos a objetificarem meninas, ciclo que se perpetua na vida adulta, transformando corpos femininos em alvos de controle.

A isso soma-se a ineficiência do Estado:  Sistema judicial lento e políticas públicas frágeis deixam vítimas desamparadas. O medo, a vergonha e a desinformação afastam denúncias, enquanto agressores raramente enfrentam punição efetiva. 

Feminicídio: ódio mascarado de “paixão”

A justificativa para os crimes muitas vezes se esconde sob falácias como “ciúme” ou “defesa da honra”.

Na prática, o feminicídio é a expressão máxima de uma sociedade que ainda trata mulheres como propriedade. Chama atenção a banalização das agressões: em muitos casos, a violência ocorre na frente de familiares, vizinhos ou colegas, evidenciando a normalização da barbárie. 

Como Romper o Ciclo de Violência contra a mulher? A solução exige ações urgentes e multidimensionais: 

1- Fortalecimento e ampliação de redes de apoio: Garantir acesso a abrigos, assistência psicológica e orientação jurídica. 

2- Educação de gênero: Desconstruir estereótipos machistas desde a infância, promovendo respeito e igualdade com campanhas educativas nas escolas. 

3- Punição exemplar: Aprimorar a aplicação da Lei Maria da Penha(Lei 11.340/2006)  e da Lei do Feminicídio (Lei 13.104/2015 e Lei 14.994/2024), além de agilizar processos judiciais. 

4- Campanhas de conscientização: Encorajar denúncias e combater a cultura de culpabilização das vítimas. 

5 – O fortalecimento das políticas públicas e do Plano Nacional de Prevenção aos Feminicídios.

6 – Educação e Capacitação: Inclusão de conteúdos sobre direitos humanos e gênero em currículos escolares e treinamento de agentes públicos.

Um chamado à ação

Enquanto o Estado e a sociedade não reconhecerem a violência de gênero como uma emergência nacional, mulheres seguirão sendo caçadas, agredidas e assassinadas simplesmente por serem mulheres. A pergunta que não quer calar é: Quantas vidas precisarão ser perdidas para que o Brasil acorde? 

Seguimos na luta em defesa da vida e pela manutenção dos Direitos das mulheres brasileiras.

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