“Quando uma mulher entra na política, muda a mulher, mas quando muitas mulheres entram na política, muda a política.”

(Michelle Bachelet – Primeira Mulher Presidente do Chile)

A baixa representatividade feminina na política brasileira é um reflexo de desigualdades estruturais que permeiam diversas esferas da sociedade, incluindo o mercado de trabalho. Essas desigualdades são históricas e estão enraizadas em uma cultura patriarcal, estereótipos de gênero e práticas institucionais que limitam o acesso das mulheres a posições de poder e influência.

Estamos cientes da grande dificuldade das mulheres brasileiras, principalmente as que são mães de ingressarem no mercado de trabalho altamente competitivo.

São muitas cobranças sobre a capacidade da mulher em conciliar sua vida familiar e profissional.

Nos processos seletivos das empresas, sempre são as mulheres a serem questionadas sobre a criação dos filhos ou da possibilidade de engravidarem num futuro próximo. 

Isso é um absurdo! Além de ser uma situação extremamente constrangedora.  

Será que as empresas quando contratam os Homens perguntam sobre seus filhos?

Quantos filhos tem? Quem cuida do filho quando adoece?

Ou esse tipo de questionamento só serve para as Mulheres?

O preconceito contra a mulher é muito grande em nosso país, muitas vezes recebemos salários menores que os dos homens mesmo quando desempenhamos funções semelhantes, mesmo com escolarização superior aos dos homens; o acesso ao mercado de trabalho é prejudicado pela falta de apoio e incentivo público e privado; e para as mulheres que são mães, a realidade é ainda mais difícil para seu pleno retorno à vida profissional. 

E para complicar ainda mais esse cenário, somos nós mulheres quem arcamos com a dupla jornada de trabalho e afazeres domésticos.

Vejo muitas mulheres competentes, talentosas e inteligentes, que estão fora do mercado de trabalho, simplesmente porque as oportunidades não surgem ou porque com filhos pequenos e sem uma rede de apoio eficiente, não conseguem retornar ao trabalho. 

Sem contar o Etarismo que é o preconceito contra a idade sofrido pelas mulheres brasileiras. 

Conforme o censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os dados apontam que 53,3% das mulheres participam da força de trabalho. Enquanto isso, a taxa masculina é de 73,2%.

A desigualdade de gênero no mercado de trabalho também está diretamente ligada à baixa representatividade na Política Brasileira. 

Conforme dados do TSE (Tribunal Superior Eleitor), mesmo sendo a maioria do eleitorado brasileiro feminino (52,47%), a participação da mulher na vida pública e política do país é mínima, e isso reflete diretamente na ausência de políticas públicas para combater a desigualdade, a violência, o preconceito e a falta de empregos formais para as mulheres.

Lembrando que a mulher brasileira só conquistou o direito ao voto em 1932.

Inicialmente, o ato de votar era cheio de restrições, podendo somente ser feito por mulheres casadas e com autorização dos maridos.

Após anos de luta feminista pelo pleno direito ao voto, a mulher brasileira conseguiu ocupar seu espaço como eleitora, mas ainda ocupa um lugar bem discreto na vida política do país. 

É verdade que, mesmo com a obrigatoriedade de cotas femininas no sistema eleitoral, a participação da mulher na política brasileira ainda é muita tímida, conforme o site de notícias G1, apenas duas capitais elegeram prefeitas mulheres em 2024, Emilia Correa (PL) será prefeita de Aracaju, e Adriane Lopes (PP) se reelegeu em Campo Grande. Em 2020, apenas uma mulher foi eleita entre as 26 capitais, mesmo cenário de 2016 e 2012.

Segundo a Rádio Senado, as prefeituras de 727 cidades são chefiadas por mulheres a partir de 2025, o que corresponde a apenas cerca de 13% dos 5.569 municípios brasileiros. São 64 prefeitas a mais do que em 2020, um aumento de um ponto percentual.

Em muitas cidades brasileiras, não há nenhuma prefeita e sequer uma vereadora.

A bancada feminina na Câmara dos Deputados é de apenas 18,2% e tem apenas duas representantes trans. Já no Senado Federal é ainda menor: 12,3%.

Atualmente, só temos duas mulheres governadoras no Rio Grande do Norte e Pernambuco.

O Brasil foi pioneiro ao eleger Dilma Rousseff (2011-2016), a primeira mulher a exercer o mandato de Presidente da República; mas ainda assim, a representatividade feminina continua aquém das necessidades no que concerne à implementação de políticas públicas direcionadas à participação das mulheres na política. 

A baixa representatividade feminina no cenário político brasileiro

No ranking de 192 países pesquisados pela União Interparlamentar, organização responsável por analisar parlamentos no mundo, o Brasil aparece na 142° colocação no que se refere à participação feminina na política, ficando atrás de todos os países da América Latina, com exceção do Paraguai e do Haiti. 

Por que as mulheres brasileiras pouco se interessam pela Política?

Por que, mesmo sendo a maioria do eleitorado brasileiro, a mulher não participa da vida pública e política do país?

São questões que demandam um olhar mais atento para o papel da mulher na sociedade brasileira. 

A maioria das mulheres não se interessa pela política, pois não se sente confortavel para participare da vida pública e de uma eleição.

E qual seria o motivo desta falta de interesse e deste desconforto?

Em um país onde a presença dos homens na política é quase absoluta, se torna muito difícil para a mulher encontrar seu espaço e seu lugar de fala nesse ambiente machista. 

É fato que a violência política contribui para afastar as mulheres de uma participação mais efetiva na vida política brasileira. 

São muitos os casos de insultos e ataques contra parlamentares mulheres dentro de casas legislativas brasileiras.

Apesar da obrigatoriedade de cotas para mulheres nos partidos políticos (30% das vagas), o machismo exacerbado e a violência na política do nosso país afastam as mulheres da participação em pleitos eleitorais e, consequentemente, é muito baixo o número de mulheres participando do processo eleitoral e exercendo cargos eletivos no Brasil. 

Desafios e Valorização da Mulher na Política 

Precisamos falar sobre política com as mulheres cada vez mais cedo.

Precisamos conscientizar nossas meninas sobre a importância do seu papel no contexto político e social do nosso país.  

Precisamos reverter ou pelo menos diminuir esse cenário de pouca representatividade feminina na política brasileira. 

Debater sobre política é fundamental para formar uma consciência crítica e reflexiva sobre o papel que nós mulheres queremos e temos o direito de exercer dentro da sociedade brasileira. 

A política ainda é vista como “coisa para homem” no Brasil!

Dar voz às meninas desde cedo é importante para estimular a formação de uma consciência política tão necessária para despertar o interesse em exercer uma maior participação da na vida política do país. 

Uma mudança significativa é que as mulheres brasileiras têm recebido o apoio governamental, da sociedade civil e de organizações não governamentais, para que possam exercer um maior protagonismo em eleições, com leis, com o incentivo e cursos destinados à preparação da mulher para a política. 

Conscientes da importância da participação efetiva no debate político, as mulheres iriam se interessar em concorrer à cargos eletivos; e como resultado teríamos melhorias nas condições de vida, emprego, saúde e segurança da população feminina no nosso país. 

A frase de Michelle Bachelet nos lembra que a participação feminina na política não é apenas uma questão de justiça, mas também uma ferramenta poderosa para transformar a sociedade. Quando muitas mulheres ocupam espaços de poder, a política se torna mais inclusiva, representativa e capaz de responder às necessidades de todos.

No Brasil, ampliar a presença feminina na política é um passo essencial para construir um futuro mais justo e igualitário.

Seguimos na luta por mais mulheres participando ativamente do mercado de trabalho e da política brasileira.

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