Quando debatemos a longevidade, ainda esbarramos em tabus: o etarismo parece sugerir que criatividade, adaptabilidade e inovação têm data de validade. Será mesmo? Nos bastidores de empresas inovadoras ou até nos corredores de multinacionais, profissionais com mais de 50 anos têm mostrado, com leveza e humor, que maturidade e criatividade podem, e devem, caminhar juntas.

Muita gente já ouviu histórias de nomes consagrados da literatura e do empreendedorismo que só chegaram lá depois que os cabelos ficaram brancos ou sumiram, no caso dos homens. Pois no mundo corporativo também há muitos outros casos para contar. Satya Nadella, que assumiu o comando da Microsoft aos 46 anos (hoje tem 57), enfrentou o desafio de reinventar uma gigante da tecnologia. Sob sua responsabilidade, promoveu uma cultura de crescimento, antes concentrada nas principais lideranças da empresa, colocou a “nuvem” no centro de todas as atividades, fez aquisições estratégicas e integrou a maior parte de seus produtos. Quando assumiu o cargo de CEO em fevereiro de 2014, as ações estavam cotadas em torno dos US$ 34 e o valor de mercado da companhia era de aproximadamente US$ 315 bilhões. Em dezembro de 2024, pouco antes do início da assunção de Donald Trump, as ações estavam valendo ao redor dos US$ 423, com valor de mercado estimado em US$ 3,1 trilhões.

Outro exemplo? Em 2008, Mary Barra tinha 47 anos e já ocupava cargos estratégicos na GM durante a reestruturação que a empresa teve de fazer depois da crise do subprime nos Estados Unidos. Em 2014, aos 52 anos, assumiu como CEO e foi responsável por consolidar a atual fase da empresa, apostando em inovação, mobilidade e sustentabilidade por meio da eletrificação dos modelos.

E como esse pessoal mais cascudo tem se comportado? Já reparou que as melhores piadas sobre envelhecer vêm, quase sempre, de quem já acumulou quilometragem? Muitos profissionais maduros, ao lidarem com o preconceito, incorporam uma dose extra de bom humor. Conheci uma executiva que, em pleno onboarding de uma startup, foi chamada de “dinossauro” nas entrelinhas. Ela respondeu, entre risos: “Sei que os dinossauros sumiram, mas eu sigo aqui aprendendo a usar emojis!” Hoje, ela lidera projetos digitais e mentorias para jovens talentos.

Curiosamente, muitos profissionais relatam que a criatividade tem aparecido em novas ondas depois dos 50 anos. O segredo? Menos medo de errar, mais segurança ao propor ideias, e tempo suficiente para observar padrões e conectar pontos improváveis. Falando sério: que outra fase da vida permite propor uma solução inovadora sem se preocupar tanto com o olhar alheio? Não é sobre competir com gerações mais novas, mas sobre compor com elas uma sinfonia de experiências.

A maturidade traz um olhar, por vezes, mais calmo sobre o próprio ego. O desejo de provar algo cede espaço ao prazer do compartilhamento de conhecimento, da construção coletiva e da habilidade de navegar complexidades. É interessante ver como muitos desses profissionais já não têm pretensão de “salvar o mundo”: preferem fazer parte dele, de forma ativa, criativa e, sobretudo, bem-humorada.

O que muda para as empresas que apostam nessa combinação? Ganham equipes mais plurais, menos ansiosas e mais abertas à escuta. O mercado de trabalho ganha profissionais capazes de evitar armadilhas do passado e abraçar mudanças com olhos atentos, sem a pressa, e a preocupação, que tantas vezes cruzam o caminho de quem está começando. Se tem uma coisa que o tempo ensina é que a estagnação criativa não escolhe  geração e para algumas ideias, a melhor estação chega mesmo depois dos 50. Os T-Rex até poderiam ter braço curto, mas tinham excelente visão, olfato apurado, sentidos aguçados e um tremendo apetite

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