Longevidade

A beleza de permitir que a noite venha

Eu passei dois ou três dias muito introspectivo. Se alguém me visse de longe, assumiria equivocadamente que eu estava triste. Em determinado momento, a Valéria se virou e disse: “Você está estranho”. Eu não neguei, eu realmente estava estranho, mas comigo mesmo. Dias depois, tudo estava bem novamente. Porém, a reflexão sobre “aqueles dias” não foi esquecida. Acho que “aqueles dias” foram uma janela extemporânea onde questionei se a minha vida atual tem sido vivida com a plenitude que almejo.

Gerações em movimento

Os rostos nas academias estão mudando. Cada vez mais, entre os aparelhos e halteres, vemos homens e mulheres que não estão ali por vaidade ou metas estéticas, mas por algo mais essencial: cuidar do corpo para sustentar a vida.

O dividendo da longevidade

O texto a seguir é inspirado profundamente nas ideias e no raciocínio do artigo “O Dividendo da Longevidade”, originalmente publicado pela Revista de Finanças e Desenvolvimento do Fundo Monetário Internacional, assinado por Andrew Scott, diretor Sr. de Economia no Ellison Institute of Technology e professor de economia na London Business School; e por Peter Piot, professor de Saúde Global na Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres. Para este artigo, adotamos o mesmo título, todos os conceitos trazidos pelos autores, mas com uma abordagem mais interpretativa e resumida.

Raízes que falam

Há vidas que se entrelaçam com lugares, com pessoas, com épocas, como se o destino decidisse bordar memórias em diferentes territórios da existência. O mundo corporativo, por outro lado, parece ter desaprendido a olhar para raízes. Valoriza a velocidade, celebra o instantâneo e, muitas vezes, descarta a experiência como se ela fosse um arquivo desatualizado. Pior: em nome de uma modernidade pasteurizada, abre mão até de sua própria história, afastando-se dos valores e do propósito que a construíram. Quantos profissionais extraordinários, com trajetórias robustas e resultados consistentes, encontram-se subitamente invisíveis aos olhos de um mercado obcecado por métricas e tendências?

A travessia do tempo

Vivemos um paradoxo silencioso e, muitas vezes, cruel. De um lado, a busca legítima por longevidade, saúde e vitalidade. Do outro, uma corrida desenfreada, quase desesperada, contra o relógio biológico, como se o simples ato de envelhecer fosse, em si, um fracasso pessoal. O corpo envelhece, sim. E ele faz isso no ritmo certo, na cadência natural da vida. Cedo ou tarde, ele nos dirá, às vezes com gentileza, às vezes com firmeza, que não seremos mais capazes de fazer certas coisas. E tudo bem. Isso não é um castigo. É apenas a vida sendo vida.

Novos velhos ou jovens velhos: o que está acontecendo com o mundo?

O envelhecimento está mudando de cara. Nunca foi tão difícil definir o que é ser “velho” — ou mesmo “jovem”. Quem acompanha o futebol viu Portugal conquistar a Liga das Nações sobre a Espanha, com Cristiano Ronaldo, aos 40 anos, jogando com a energia e a vitalidade de um jovem de 20. Não é exagero: estudos já mostraram que o corpo de Cristiano Ronaldo tem características de alguém 11 anos mais novo, resultado de cuidados extremos, disciplina e acesso ao que há de mais moderno em ciência esportiva e medicina.

O novo normal

Cada vez que dizem que “a idade chegou”, Novak Djokovic e Cristiano Ronaldo respondem em quadra e em campo, deixando críticos sem palavras e a torcida batendo palmas. Dois atletas que derrubaram o calendário pelo talento, disciplina e obsessão por vencer. Djokovic, aos 38 anos, chegou a mais uma semifinal de Grand Slam, em seu impressionante recorde de 48 em torneios Major, dos quais é o recordista histórico em títulos. Só não foi a mais uma final porque perdeu para o atual número 1 do mundo, Jannik Sinner. Cristiano Ronaldo, aos 40 anos, segue acumulando números irreais. Foi dele o gol fundamental que empatou a final da Nations League da UEFA (depois vencida nos pênaltis por Portugal contra a Espanha), somando na carreira impressionantes 35 títulos oficiais e mais de 935 gols – marcas que ultrapassam gerações e desafiam a lógica do tempo.

Cadmo, longevidade e o encontro de gerações

A história da humanidade é tecida com fios que entrelaçam o novo e o antigo em uma permanente fusão de renovação e sabedoria. A mitologia grega, rica em simbolismos e lições atemporais, traz à tona a relevância do convívio intergeracional através do mito de Cadmo. Conta-se que Cadmo, fundando a cidade de Tebas, procurou orientação no oráculo de Delfos e, guiado por seus conselhos, semeou o futuro plantando dentes de dragão. Desses dentes surgiram guerreiros que primeiro lutaram entre si, mas que, ao resistirem, se tornaram os fundadores de uma nova sociedade.

O ouro escondido nas dobras do tempo

A longevidade e a busca por qualidade de vida ampliaram as perspectivas de carreira profissional e passou a hora das empresas revisarem seus paradigmas. Além da experiência acumulada, o grupo de profissionais com mais de 50 anos tem carregado na mala uma energia renovada, apetite por desafios, além da sabedoria que o tempo e os hiatos de carreira souberam moldar.

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